Censo Escolar 2024: o que os novos dados revelam sobre a educação infantil no Brasil
Dados do Censo Escolar 2024 apontam avanços e desafios na creche e na pré-escola, com destaque para o aumento da presença de crianças negras e desigualdades na infraestrutura
Publicado em 07/05/2025 04:08, por Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal

O Ministério da Educação e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram os primeiros dados do Censo Escolar 2024, trazendo importantes informações sobre a educação infantil (creche e pré-escola) no país — em especial sobre as etapas da creche e da pré-escola. Os números foram analisados e atualizados pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, que acompanha de perto a evolução desses indicadores para fortalecer políticas públicas voltadas à primeira infância.
Creche: crescimento e mudança no perfil das crianças matriculadas
Em 2024, o Brasil contabilizou 4,2 milhões de crianças de 0 a 3 anos matriculadas em creches, um aumento de 1,5% em relação a 2023. A maioria (66,9%) frequenta unidades públicas. Um dado marcante é que, pela primeira vez na série histórica, as crianças negras se tornaram maioria entre as matriculadas, passando de 34,7% para 40,2%.
Outro aspecto significativo é o avanço do atendimento em tempo integral, que alcança 6 em cada 10 crianças matriculadas. Em relação aos profissionais, houve uma leve queda no número de docentes, de 375,8 mil para 373,1 mil.
Pré-escola: leve queda nas matrículas e desafios regionais
A infraestrutura das unidades apresentou melhorias pontuais. A disponibilidade de equipamentos como quadras, parquinhos e brinquedos educativos aumentou. No entanto, a desigualdade entre as redes pública e privada segue expressiva: escolas privadas continuam oferecendo o dobro de equipamentos como quadras e materiais de arte, por exemplo.
Já a pré-escola, que atende crianças de 4 a 5 anos, registrou 5,3 milhões de matrículas em 2024 — uma redução de 0,6% em relação ao ano anterior. A maioria (77,9%) também está em unidades públicas. Destaca-se o avanço da representatividade das crianças negras, que passaram de 38,1% para 43,7% das matrículas.
O atendimento em tempo integral ainda representa um desafio: apenas 15,8% das crianças da pré-escola estão matriculadas nesse formato. Por outro lado, o número de docentes cresceu 1,6%, somando 366 mil profissionais.
Entre as regiões, o Norte e o Centro-Oeste registraram aumento no número de matrículas, enquanto Sul, Sudeste e Nordeste apresentaram retrações, com quedas mais acentuadas no Piauí, Distrito Federal e Rio de Janeiro.
Por que acompanhar esses dados é fundamental?
Compreender e monitorar indicadores é essencial para qualificar o debate público e fortalecer as políticas voltadas à primeira infância. É durante os primeiros anos de vida que se estabelecem as bases do desenvolvimento infantil — e o acesso a uma educação infantil de qualidade é um direito que precisa ser garantido a todas as crianças, em especial às que vivem em contextos de vulnerabilidade.
A Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal reafirma seu compromisso com a promoção do desenvolvimento pleno das crianças brasileiras e seguirá acompanhando de perto a evolução desses indicadores para apoiar gestores, educadores e toda a sociedade na construção de um país mais justo desde o começo da vida.