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Brasil integra avaliação inédita da OCDE sobre educação infantil  

Entrada do Sesi como parceiro viabiliza a realização completa do estudo no País; estudo principal será iniciado em 2025

Publicado em 01/11/2024 08:28, por Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal

O Serviço Social da Indústria (Sesi) é o mais novo patrocinador do International Early Learning and Child Well-Being Study (IELS), estudo criado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) voltado à avaliação do desenvolvimento infantil no Brasil. A pesquisa, que também conta com o apoio do Conselho Nacional do Sesi, teve adesão oficializada em 31 de outubro, em Fortaleza (CE), em evento com o presidente do conselho, Fausto Augusto Junior, e o diretor superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi.

O que é o IELS?

O IELS é um instrumento de avaliação holística de dimensões como linguagem, raciocínio matemático, autorregulação e habilidades socioemocionais de crianças na pré-escola, que inclui também a escuta de famílias e educadores. No Brasil, o estudo é liderado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e coordenado pelos pesquisadores Mariane Koslinski e Tiago Bartholo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É esperada a avaliação de cerca de 250 escolas e 3 mil crianças de quase 100 municípios.

Para Andreas Schleicher, diretor de Educação e Habilidades da OCDE, “o aprendizado precoce cria o modelo para o aprendizado bem-sucedido ao longo da vida”, e por isso, destaca que o IELS é fundamental “para entender como as trajetórias futuras das crianças são moldadas nos primeiros anos, por meio do desenvolvimento de habilidades iniciais em alfabetização, cálculo, resolução de problemas e empatia”. Além disso, diz reconhecer o interesse do Brasil no estudo, como um “compromisso com a melhoria da equidade e dos resultados para todas as crianças do país”.

Como o IELS é desenvolvido?

Com início em maio de 2025, o estudo recolherá dados de duas formas: por meio da aplicação de questionários sobre o desenvolvimento das crianças com as famílias e professores das redes de educação infantil pública, privada e conveniada; e por meio da interação com crianças a partir de brincadeiras e histórias, auxiliadas com um tablet e o acompanhamento presencial de um pesquisador. A fase de pré-teste do IELS contou com a participação de 30 escolas públicas e privadas de três regiões brasileiras (Norte, Nordeste e Sudeste), com avaliação de cerca de 350 crianças, e foi finalizada em maio de 2024.  

“O Brasil possui poucos estudos sobre a aprendizagem das crianças na pré-escola e a desigualdade educacional na educação infantil. O IELS é o primeiro estudo em larga escala direcionado para o desenvolvimento infantil e possibilitará ampliar a compreensão sobre a infância brasilieira”, destaca Lucchesi.

O que as edições anteriores do IELS têm para nos ensinar?

Além do Brasil, Holanda, Inglaterra, Azerbaijão, Emirados Árabes, China, Bélgica, Coreia do Sul e Malta também participam desse ciclo do IELS. Esta é a segunda edição do programa — a primeira edição foi realizada em 2018 e contou com a participação de três países: Inglaterra (Reino Unido), Estônia e Estados Unidos.

Na época, os resultados mostraram que, aos 5 anos de idade, a diferença de desenvolvimento entre o grupo que vive em situação de pobreza e as demais crianças equivalia a doze meses de aprendizado a mais em aspectos cognitivos e emocionais, que incluem noções numéricas, linguagem, memória operacional, habilidades como autorregulação e flexibilidade mental.    

Quando comparado ao Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) dos mesmos países, o dado do IELS ajudou a OCDE a enxergar a trajetória dos efeitos cumulativos da desigualdade. Ao somar o número de jovens de 15 anos com proficiência muito aquém do esperado para sua idade, o resultado chegou ao percentual de 4,8% do total, valor extremamente próximo ao do grupo infantil com menor desenvolvimento.   

Mobilização em prol da primeira infância

A aplicação do IELS no país será financiada pelas organizações B3 Social, Fundação Itaú Social, Fundação Lemann, Fundação Lia Maria Aguiar, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Instituto Beja, Instituto Tecendo Infâncias e Perfin Wealth Management — que teve participação decisiva para garantir que a iniciativa fosse aplicada no Brasil até as etapas finais. Além das organizações, os empreendedores Edson Queiroz e Ticiana Rolim também entraram como apoiadores da pesquisa, que soma R$13 milhões em investimentos.

Para Fausto Augusto Junior, presidente do Conselho Nacional do Sesi, apoiar a aplicação do IELS no país “é uma oportunidade para fortalecermos o compromisso com a educação integral, essencial em cada fase escolar”. Ele também defende que uma formação sólida na primeira infância “não apenas prepara nossas futuras gerações para os desafios sociais e econômicos do país, mas também contribui para uma sociedade mais justa e equitativa”.

Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, reforça a importância de olhar para os primeiros anos, já que “a frequência na pré-escola influencia positivamente a trajetória escolar e está associada a melhores resultados nas etapas seguintes, além de ser um fator de proteção essencial para crianças em situação de vulnerabilidade social”.

“O estudo será fundamental para que o Brasil desenhe estratégias educacionais voltadas para a redução das desigualdades”

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