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Brincadeira é coisa séria: por que o brincar é a linguagem da primeira infância e um direito das crianças

Guia sobre primeira infância foi atualizado com dados sobre a importância do brincar para o desenvolvimento infantil e de políticas públicas que possam fortalecer este direito

Publicado em 28/05/2025 11:49, por Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal

(Foto: Júlio César/Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal)

Brincar é a linguagem universal da infância, uma dança espontânea entre imaginação e realidade. É o verbo mais completo do dicionário de uma criança. É a partir das brincadeiras que elas se expressam, interagem com o mundo e consigo mesmas, convivem com o diferente, conhecem e desenvolvem suas habilidades e despertam o olhar criativo. É nesse ritual que elas aprendem que uma caixa de papelão pode ser um castelo, que uma folha seca vira barco no rio da calçada, e que um lençol estendido entre duas cadeiras pode ser uma passagem para universos desconhecidos. Brincar é também a construção de memórias que, mesmo na vida adulta, nos estruturam.

No entanto, brincar é muito mais do que uma atividade espontânea da infância: é um direito assegurado por lei e um dos pilares para o desenvolvimento integral das crianças. Este direito deve ser fortalecido pelo Estado e promovido por toda a sociedade. Pensando nisso — e de olho no Dia Mundial do Brincar, celebrado em 28 de maio — a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal atualizou o guia Os primeiros anos em suas mãos. A nova edição incorpora uma seção dedicada ao papel das brincadeiras na primeira infância e reforça a urgência de garantir tempo, espaço e liberdade para brincar.

A Constituição Federal estabelece, no artigo 227, que é dever do Estado, da família e da sociedade assegurar à criança, com absoluta prioridade, o direito ao desenvolvimento físico, emocional e social, o que inclui o direito ao brincar. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, por sua vez, reforça esse compromisso ao reconhecer que “brincar, praticar esportes e divertir-se” são aspectos do direito à liberdadee ao prever que as crianças devem ser protegidas de impedimentos ao exercício desse direito. Já o Marco Legal da Primeira Infância, de 2016, explicita a obrigação do poder público de garantir espaços adequados e seguros para o brincar. Mais do que isso: deve ouvir as crianças ao planejar e cuidar desses espaços. 

O brincar na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

No campo da educação infantil, a BNCC afirma o brincar como um dos seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento que devem ser assegurados em creches e pré-escolas.  Orienta que  o brincar deve ser uma experiência central nas práticas pedagógicas nesta etapa da educação, promovendo a curiosidade, a imaginação, a criatividade, a resolução de conflitos e a construção de vínculos. A BNCC indica também que devem ser promovidos tempos, espaços e materiais que favoreçam diferentes formas de brincar, das brincadeiras estruturadas às não estruturadas.

Brincar é coisa séria

Quando garantimos tempo, espaço e segurança para o brincar, estamos investindo não apenas em futuros cidadãos mais criativos e empáticos, mas em um presente onde as infâncias possam ser vividas com plenitude. Ao brincar, a criança movimenta o corpo, explora materiais, experimenta regras de convivência, constrói vínculos e exercita a imaginação, entre muitas outras coisas. Esse processo desenvolve habilidades cognitivas, socioemocionais e motoras essenciais para toda a vida. 

A nova seção do guia Primeiros anos em suas mãos busca justamente ampliar a compreensão sobre a potência das brincadeiras. O conteúdo mostra que, desde os primeiros meses de vida, é possível — e necessário — criar oportunidades de brincar: com os adultos, com outras crianças e sozinhas. Mesmo sem brinquedos, um bebê pode brincar, por exemplo, com o olhar, os sons e o toque dos cuidadores. 

Garantir o direito ao brincar é um ato de resistência à pressa de que as crianças performem como adultos. É garantir o direito à construção da própria identidade, à experimentação e às descobertas. O compromisso com o desenvolvimento infantil passa, necessariamente, pela valorização do brincar desde o começo da vida. 

O guia Os primeiros anos em suas mãos está disponível gratuitamente e é  um instrumento de consulta rápida para gestores, profissionais, famílias, cuidadores e todos que atuam em prol da primeira infância.

Acesse o guia em nossa biblioteca digital e faça download de sua edição atualizada.

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