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Mudanças climáticas e desenvolvimento infantil: por que as crianças na primeira infância são mais vulneráveis

Crianças de até 6 anos estão mais expostas aos efeitos da crise do clima, com impactos em seu desenvolvimento físico, socioemocional e cognitivo

Publicado em 03/04/2025 12:25, por Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal

Levantamento do Instituto Alana indica que 44% de creches e pré-escolas nas capitais brasileiras não possuem área verde (Foto: Júlio César Almeida / Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal)

As mudanças climáticas deixaram de ser uma previsão futura para se tornarem realidade cotidiana. E entre os mais afetados por seus impactos estão justamente aqueles que menos podem se proteger: bebês e crianças. Com sistemas fisiológicos ainda em desenvolvimento, eles são mais vulneráveis ao estresse térmico, à desidratação, a doenças respiratórias e à dificuldade de regulação da temperatura corporal. Os efeitos vão além do físico, comprometendo também o acesso à educação infantil de qualidade e elevando o risco de exposição às violências. No Brasil, esse cenário se agrava com as desigualdades socioespaciais que marcam o território do país.

Resiliência climática na educação infantil

O contato com a natureza na primeira infância é um ponto-chave para o desenvolvimento integral. Os ambientes das creches e pré-escolas precisam promover essa conexão fundamental para a  saúde, o aprendizado e o bem-estar das crianças.: 44% das unidades de educação infantil nas capitais brasileiras, no entanto, não possuem nenhuma área verde, segundo o relatório “O Acesso ao Verde e a Resiliência Climática nas Escolas das Capitais Brasileiras” do Instituto Alana, com base na análise do MapBiomas

A ausência de áreas verdes nas creches e pré-escolas se traduz em impactos concretos: aumento da temperatura nos espaços, menor estímulo ao brincar livre e maior exposição a eventos extremos, como alagamentos. Diante desse cenário, repensar os espaços escolares e a incorporação de áreas verdes é crucial para apoiar o pleno desenvolvimento infantil. Pela justiça climática e pela melhoria da qualidade de vida das crianças, é preciso mais acesso à natureza nos espaços de creches e pré-escolas.

Bairro e entorno: o território importa para o desenvolvimento infantil

A pesquisa do Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI), intitulada O bairro e o desenvolvimento integral na primeira infância, destaca que o território em que a criança vive e interage afeta diretamente sua saúde física, cognitiva e emocional. Diversas características do bairro que são afetadas pelos efeitos da crise do clima podem impactar o desenvolvimento infantil: condições das moradias, saneamento básico, acesso a transporte público e a áreas verdes. 

Um bairro sem sombra, com pouco verde, ruas inseguras, suscetível a enchentes e alta exposição a ilhas de calor impacta negativamente a qualidade de vida das famílias com crianças de até seis anos.Na primeira infância, o impacto do calor extremo, por exemplo, vai muito além do desconforto físico. A exposição prolongada a altas temperaturas pode prejudicar o sono, a concentração e o aprendizado, além de comprometer sua saúde emocional. 

Por outro lado, o deslocamento forçado por conta de inundações, tempestades e outros fenômenos climáticos extremos afeta pessoas de todas as idades, em especial bebês e crianças pequenas. A ruptura dos vínculos familiares, a falta de abrigo, o acesso limitado a serviços básicos e a exposição à violência comprometem o desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional.

Cidades e escolas mais resilientes para a primeira infância

Diante desse cenário, a promoção de cidades e unidades de educação infantil mais resilientes e acolhedoras para as múltiplas infâncias torna-se urgente. É preciso pensar em políticas públicas que envolvam o urbanismo, a educação, o meio ambiente e a saúde de forma integrada.  

Garantir conforto térmico, remover o excesso de concreto e ampliar áreas verdes são medidas fundamentais. Além disso, priorizar a criação de novas praças e parques pode ampliar o número de crianças com acesso à natureza diariamente — um fator decisivo para sua saúde e bem-estar.

A infância é a fase mais sensível e decisiva do desenvolvimento humano. Por isso, proteger as crianças dos impactos da crise climática é mais do que uma necessidade ambiental: é uma ação de justiça social, de promoção da equidade e de garantia de direitos.

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