O caso do menino Miguel e a infância no Brasil
Publicado em 05/06/2020 01:29, por Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal
“É preciso uma vila para cuidar de uma criança”, diz um provérbio africano. E o que aconteceu com o menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, nesta semana, nos mostra o quanto ainda precisamos trabalhar para que a sociedade se conscientize disso e não negligencie suas crianças.
O Artigo 227 da Constituição Federal traz de forma clara e objetiva a responsabilidade de todos no cuidado com as crianças: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
Hoje, infelizmente, temos dois entraves para que todos esses direitos sejam garantidos: o racismo estrutural e a desigualdade social. E em momentos de crise, como o que estamos vivendo com a pandemia de coronavírus, o abismo entre a população fica mais evidente.
É essa desigualdade que impede milhares de trabalhadores brasileiros de manter o distanciamento social e de, em casa, poder cuidar de seus filhos – como a mãe do menino Miguel. É essa desigualdade que torna o vírus ainda mais nocivo nas periferias de todo o Brasil.
E é contra essa desigualdade social e racial, e com a crença de que precisamos desenvolver a criança, para desenvolver a sociedade, que a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal atua. Hoje, nos solidarizamos à dor de Mirtes Renata Santana de Souza e nos unimos às vozes que pedem por um Brasil mais justo, humano e equitativo. Temos uma longa jornada pela frente, mas acreditamos que é possível, sim, construir um caminho para que as crianças – e os adultos que cuidam delas – tenham um presente e um futuro melhor.