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Palavras que transformam: os impactos da literatura na primeira infância

A literatura nos primeiros seis anos de vida fortalece vínculos, estimula o desenvolvimento integral e semeia as bases para a formação de leitores

Publicado em 25/04/2025 05:50, por Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal

Ler para e com crianças desde os primeiros meses de vida é uma das estratégias mais eficazes para promover seu desenvolvimento integral. A leitura e a contação de histórias não só fortalecem os vínculos afetivos entre adultos e crianças, como também contribuem para o avanço de habilidades fundamentais nesta fase da vida, sejam cognitivas, emocionais, linguísticas ou sociais.

A ciência tem confirmado esses benefícios. Um estudo publicado pela American National Library of Medicine reforça que a leitura em voz alta desde a primeira infância estimula áreas do cérebro responsáveis pela linguagem, memória e atenção. Crianças que são expostas precocemente aos livros também tendem a apresentar melhor desempenho em testes de alfabetização e vocabulário.

De acordo com o levantamento Primeiríssima Infância – Da gestação aos três anos: Percepções e práticas da sociedade brasileira sobre a fase inicial da vida, crianças que têm contato diário com leitura mediada apresentam avanços significativos no desenvolvimento da linguagem oral e da capacidade de concentração. Além disso, o contato com a leitura na infância tem correlação direta com a formação de leitores: crianças que leem com adultos tendem a manter o hábito ao longo da vida. 

Apesar dos avanços, a leitura ainda não está plenamente integrada à rotina da educação infantil. Segundo a pesquisa Avaliação da Qualidade da Educação Infantil: um retrato pós-BNCC, 39% das turmas de creches e pré-escolas nos municípios analisados não incorporaram nenhuma atividade de leitura ao cotidiano das crianças — ou seja, não incluíram práticas como leitura de histórias, manuseio de livros ou contação de histórias de forma estruturada. 

Além disso, quando se observa especificamente a leitura de livros de histórias realizada pelos professores, essa prática foi registrada em apenas 27% das turmas. Em mais da metade delas (55%), não houve qualquer menção a esse momento de leitura feito pelo educador, o que aponta para a ausência ou baixa frequência dessa ação, considerada essencial para o desenvolvimento da linguagem, da imaginação e do vínculo afetivo com a leitura.

Leitura, uma experiência afetiva

A leitura deve ser estimulada na educação infantil, mas também dentro de casa pelos cuidadores e familiares, em um processo de fortalecimento de vínculos e profunda nutrição do desenvolvimento emocional das crianças. Ao se verem em personagens e situações das histórias, as crianças começam a identificar e compreender sentimentos como medo, frustração e alegria. 

Segundo o relatório Reading for Pleasure, publicado pelo National Literacy Trust (Reino Unido), crianças que leem por prazer demonstram níveis mais altos de bem-estar emocional e maior capacidade de lidar com desafios sociais. Além disso, o contato com diferentes culturas e perspectivas desde o começo da vida é capaz de desenvolver a empatia nas crianças, que passam a entender e a valorizar a existência de diferentes modos de vida. 

O papel dos adultos como mediadores

A presença de adultos engajados é essencial nesse processo. Familiares, cuidadores e profissionais que atuam na primeira infância oferecem mais do que palavras ao compartilhar momentos de leitura: oferecem escuta, acolhimento e segurança. 

A formação de professores como mediadores de leitura tem impacto direto nas práticas pedagógicas e no engajamento das crianças com os livros. Assim, não basta oferecer os conteúdos — é preciso formar leitores, incentivando e estimulando este hábito.

Literatura como direito

Reconhecer o acesso à literatura como um direito na primeira infância é entender que a leitura qualifica a experiência de ser criança. Isso inclui garantir acervos diversos e de qualidade, com narrativas que representem múltiplas culturas, vozes e realidades. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já estabelece, na educação infantil, a importância de vivências com diferentes gêneros literários, como forma de ampliar repertórios culturais e linguísticos. Investir na leitura desde os primeiros anos é, portanto, investir em uma primeira infância mais rica, potente e plural.

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