Brasil participa do IELS, maior diagnóstico sobre aprendizagem na primeira infância
Pesquisa é apoiada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e pode auxiliar na construção de políticas públicas educacionais e de redução das desigualdades
Published on 11/01/2024 04:31, by Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal
Pela primeira vez na história, o Brasil participa do International Early Learning and Child Well-Being Study (IELS). Criado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o estudo tem o objetivo de avaliar os conhecimentos sobre linguagem, raciocínio matemático, autorregulação e habilidades socioemocionais de crianças de 5 anos. Os resultados podem servir como apoio no desenvolvimento de políticas públicas efetivas para a primeira infância e de estratégias nas áreas da Saúde, Educação e Assistência Social.
Atualmente o trabalho está em fase de pré-teste, e conta com a participação de 36 centros e/ou escolas em três regiões brasileiras (Norte, Nordeste e Sudeste), cada uma com uma amostra de 15 crianças. O relatório final será divulgado em março de 2026, com dados de 280 escolas/centros e 4.000 crianças.
Como o IELS vem sendo desenvolvido no Brasil?
A Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal é parceira da OCDE na realização do estudo. “O Brasil é o único país do Hemisfério Sul que participa dessa pesquisa. Os resultados dessa pesquisa poderão ser usados como bússolas para monitorar, avaliar, estabelecer rotas de correção e criar metas palpáveis para as diferentes políticas que se relacionam ao desenvolvimento e à educação infantil”, diz Mariana Luz, CEO da Fundação.
Junto com instituições como Fundação Lemann, Instituto Tecendo Infâncias, Itaú Social, Instituto Beja e B3 Social, a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal também foi responsável por levantar R$750 mil para a implantação do teste. Vale ressaltar, entretanto, que ainda é necessária a captação de mais R$750 mil para que o projeto tenha continuidade.
Os resultados do IELS são obtidos a partir da escuta e aplicação de questionário sobre o desenvolvimento das crianças para famílias e das redes de educação infantil pública, privada e conveniada. Já a interação com as crianças será feita a partir de brincadeiras e histórias com auxílio de um tablet e o acompanhamento presencial de um pesquisador.
O impacto do IELS na redução das desigualdades
Além do Brasil, Holanda, Inglaterra, Estônia, Azerbaijão, Emirados Árabes, Singapura, Bélgica e República Tcheca participam dessa edição do IELS. A primeira edição do estudo foi realizada em 2018 e contou com a participação de três países: Inglaterra (Reino Unido), Estônia e Estados Unidos.
Os resultados mostraram que, aos 5 anos de idade, a diferença de desenvolvimento entre o grupo que vive em situação de pobreza e as demais crianças equivalia a doze meses de aprendizado a mais em aspectos cognitivos e emocionais, que incluem noções e habilidades numéricas, de linguagem, memória operacional, autorregulação e flexibilidade mental.
Esse dado do IELS, quando comparado ao Pisa dos mesmos países, ajudou a OCDE a enxergar a trajetória dos efeitos cumulativos da desigualdade. O número de jovens de 15 anos com proficiência, por exemplo, chegou a 4,8% do total, número muito abaixo do esperado e extremamente próximo ao do grupo infantil com menor desenvolvimento.
“Embora não tenham sido as mesmas crianças avaliadas nas duas idades (o que ocorrerá no futuro), essas duas informações confirmam que, para as crianças mais pobres, começar em desvantagem significa continuar em desvantagem por toda a vida”, completa a CEO da Fundação.